alergia e tratamento
imunoterapia
A aplicação das vacinas contra alergia consiste na introdução de quantidades pequenas da substância da qual o paciente é alérgico (alérgeno), de modo contínuo e com dose crescente, até o organismo não reagir mais de forma anormal a essa substância.
Em outras palavras, é uma terapia que induz resistência (ou tolerância) ao alérgeno, pois faz com que o organismo lide com essas doses crescentes injetadas até chegar a um ponto em que não reage mais às altas doses encontradas normalmente no ambiente.
A vacinação contra alergia é um processo realizado por médico qualificado e que funciona através da modificação da resposta imunológica do organismo ao alérgeno, levando a uma melhora clínica de alergias de caráter crônico como a asma, e impedindo reações alérgicas agudas graves resultantes, por exemplo, de picadas de insetos.
O termo mais correto empregado para tratamento com vacinas em alergia é imunoterapia específica para alérgenos. Outros termos incluem hipossensibilização e dessensibilização. Na imunoterapia, as vacinas são individualizadas, ou seja, manipuladas por farmácias com a receita do médico para que a composição e diluição sejam os ideais para cada paciente, conferindo dessa forma segurança e eficácia no tratamento. Quando os alérgenos e o nível de sensibilidade do paciente a eles são corretamente identificados, produzem-se os chamados extratos alergênicos que serão aplicados nos pacientes durante a imunoterapia.
As vacinas para controle das doenças alérgicas é um método usado há mais de 100 anos. Começou com os trabalhos pioneiros de Noon e Freeman em 1911. Desde então, apesar do grande arsenal terapêutico utilizado no tratamento das doenças alérgicas, a imunoterapia permanece como medida de primeira linha. Os notáveis avanços da imunologia não invalidaram, ao contrário, vieram confirmar a eficácia dos métodos de imunoterapia na alergia.
importância e vantagens da imunoterapia
A prevalência das alergias vem aumentando significativamente nas últimas duas décadas. A Organização Mundial da Saúde estima que 4oo milhões de pessoas no mundo sofrem de rinite alérgica e 300 milhões sofrem de asma. Estima-se que ocorram no mundo 250.000 mortes por ano causada por asma, sendo que a maior parte delas poderia ser evitada.
O tratamento das alergias se inicia, na maioria dos casos, com o uso de medicamentos antialérgicos junto a um controle de ambiente, em que o paciente tenta evitar o contato com o alérgeno. As dificuldades práticas em evitar o contato com certos alérgenos, principalmente a poeira domiciliar e os ácaros, e a limitação do tratamento medicamentoso, que em muitos casos proporciona apenas alívio momentâneo dos sintomas, limitam à eficácia de tal tratamento, levando à necessidade de uma imunoterapia (vacina) ao alérgeno específico.
A imunoterapia surge como uma solução ao tratamento das alergias, sendo considerada a única forma de afetar o curso natural das alergias, ou seja, a sua causa e progressão. Após o fim do tratamento, um dos efeitos benéficos é a possibilidade do paciente entrar em contato com o alérgeno sem desencadear a crise, não sendo preciso fazer uso continuo de antialérgicos.
Tais efeitos podem persistir por vários anos, o que é chamado de “impacto na clínica em longo prazo”. Além disso, a imunoterapia é capaz de prevenir novas sensibilizações e o aparecimento de asma em indivíduos com rinite alérgica.
A imunoterapia, em contrapartida, não deve ser considerada como forma isolada de tratamento, sendo as medidas de controle de ambiente e terapia medicamentosa ações conjuntas ao tratamento. O controle de ambiente inadequado, inclusive, é uma das causas de insucesso da imunoterapia.
mecanismos de ação
Os mecanismos de ação da imunoterapia são múltiplos e complexos. Em um processo chamado desvio da resposta imune, a imunoterapia modifica o tipo de resposta que o indivíduo promove ao alérgeno. Desta forma, após o término do tratamento, quando o indivíduo entrar novamente em contato com o alérgeno, ele não produzirá a reação inflamatória que causa os sintomas alérgicos.
A reação alérgica ocorre quando os alérgenos (como a poeira) penetram, por exemplo, nas vias respiratórias e encontram anticorpos do tipo E (IgE) específicos para eles. A ligação dos alérgenos com a IgE ativa células chamadas de mastócitos, que acabam liberando diversos fatores e mediadores químicos como citocinas e histaminas. Tais fatores atuam nos tecidos em volta, principalmente nos vasos sanguíneos, levando a inchaços (edemas) e vermelhidão; e na ativação de vários tipos de células, levando a uma inflamação que resulta em sintomas como dores, irritações e coceiras. Se essa reação alérgica ocorre nas vias respiratórias, o resultado é o aparecimento de tosses, chiados e falta de ar.
Na imunoterapia, a aplicação dos alérgenos em doses mínimas faz com que o organismo produza tipos de anticorpos diferentes, os do tipo G (IgG) bloqueadores ou neutralizantes. Quando então houver novamente a penetração dos alérgenos, estes vão se ligar à IgG do bloqueio e não à IgE. Assim não há ativação dos mastócitos, nem liberação dos fatores responsáveis pela reação alérgica. Outros mecanismos de atuação das vacinas incluem remoção das células ativadas responsáveis por elevar a reação inflamatória alérgica e o estímulo de células regulatórias, que inibiriam a produção de IgE, diminuindo assim a alergia.