doenças alérgicas

rinite
Pessoas com queixas de “resfriados de repetição”, que espirram, coçam o nariz e têm obstrução ou coriza com uma frequência acima do comum, provavelmente sofrem de rinite alérgica e não de resfriado.
O resfriado comum ou a gripe são infecções, produzidos por vírus e que acontece apenas de quatro a seis vezes ao ano, podendo haver também sintomas na garganta e em todo o corpo como febre, dor e mal-estar.
Transmite-se por contágio, comprometendo, então, várias outras pessoas numa mesma época. Já a rinite alérgica é individual (não contagiosa) e relaciona-se com mudanças de temperatura, exposição à poeira, ao mofo e a outras substâncias inaladas.
Os ácaros da poeira domiciliar são, em nosso meio, a causa principal de rinite. Como atualmente vivemos, na grande maioria, em grandes cidades, muitas vezes em ambientes poluídos, inadequados, há uma agressão ao sistema respiratório que pioram o quadro de rinite.
A rinite alérgica é uma doença muito comum, afetando por volta de 30% da população brasileira. De uma forma mais simples, é definida como uma inflamação do revestimento interno do nariz (a mucosa nasal). Como o nariz comunica-se através de orifícios com cavidades ocas que são os seios paranasais ou seios da face, muitas vezes, ocorre um quadro mais complexo de rinossinusite, ou de rinoconjuntivite quando atinge também os olhos.
sintomas:
Os portadores de rinite alérgica apresentam sintomas praticamente durante todo o ano, com nítida piora nos meses frios e nas mudanças de tempo.
Os sintomas clássicos são: coceira no nariz (prurido nasal), espirros (quase sempre espirros em salva, ou seja, vários seguidos), secreção aquosa (coriza) tipo clara de ovo e entupimento nasal. De todos esses, o mais característico da alergia é a coceira nasal.
Além dos sintomas nasais, pode haver lacrimejamento e coceira nos olhos, céu da boca, ouvidos e garganta. É comum a sensação de corrimento de secreção pela parte de trás do nariz para a garganta, conhecido pelo nome de gotejamento pós-nasal, que pode provocar pigarro ou tosse insistente.
complicações:
Muitas vezes, tanto nos adultos quanto nas crianças, os sintomas da rinite não são valorizados e continuam por tempo prolongado – meses ou anos.
Com o evento da respiração pela boca, é que o processo pode complicar: a obstrução nasal mantida obriga a pessoa a respirar com a boca aberta. Este tipo de respiração provoca desconforto na garganta – que pode variar desde um pigarro, ressecamento, até amigdalites ou faringites repetidas. Não raro, surge também queixa de voz anasalada.
Nas crianças, essa respiração pela boca pode levar também à diminuição do apetite. Elas dormem mal, roncam à noite, babam no travesseiro, têm sono agitado – tornam-se sonolentas e desatentas na escola, prejudicando o aprendizado. Em alguns casos, a respiração pela boca pode causar o aparecimento de alterações dentárias, como a dentição profusa (“dentuço”), e ainda prejudicar a dinâmica respiratória de maneira profunda, provocando o aparecimento de deformidades do tórax, mesmo quando a criança não tem asma.
A obstrução nasal pode causar a chamada Apneia Obstrutiva do Sono que é interrupção da respiração durante o sono, causando agitação noturna, engasgos ou episódios súbitos de despertar. Isso gera sono de baixa qualidade, roncos e insônias.
A rinite pode também provocar ainda: alterações do olfato, do paladar, da audição, dores de cabeça, falta de ar, tosse, febre, além de olheiras e alterações oculares. No mais, há um impacto considerável na qualidade de vida, devido a noites mal dormidas e estresses durante o dia.
rinite medicamentosa:
Uma complicação importante da rinite alérgica é a rinite medicamentosa, um quadro extremamente importante. É provocada pela atuação de medicamentos na mucosa nasal. Os sintomas iniciais, principalmente entupimento, podem surgir por alergia ou resfriado. Para promover a desobstrução, a pessoa emprega gotas nasais vasoconstritoras (como o “sorine” e o “neosoro”), que proporcionam o alívio imediato. Com o uso repetido aparece uma dependência da mucosa à ação dos vasoconstritores, além de uma dependência psíquica importante.
Nessa rinite por gotas nasais, estabelece-se um “ciclo vicioso” significativo: alívio do entupimento pelas gotas vasoconstritoras e a medicação produzindo obstrução por irritação. Com o tempo e o uso reiterado, há um comprometimento da mucosa nasal, com perda de suas funções fisiológicas, e até diminuição do olfato. Além disso, seu uso continuado pode provocar batimento acelerado do coração (taquicardia) e aumento da pressão arterial. Por isso, o uso por mais do que 7 a 10 dias não é recomendado.
diagnóstico e tratamento:
O diagnóstico da rinite alérgica é inicialmente clínico, através da análise do histórico de sintomas da pessoa e a realização de exames no consultório, principalmente no nariz (rinoscopia), vendo se a mucosa está congestionada, avermelhada ou esbranquiçada e, também, o aspecto da secreção (muco). O médico também avalia os ouvidos, os olhos, a faringe e ausculta dos pulmões.
Para confirmar o caráter alérgico da rinite há exames que podem ser realizados, como os testes alérgicos na pele (cutâneos) e os testes no sangue de dosagem de anticorpos tipo E (os IgE) específicos para pesquisa de alérgenos inalantes (como ácaros, fungos, pelos de animais, entre outros). Encontrar o alérgeno causador da rinite é essencial para que o plano de tratamento seja corretamente traçado.
O primeiro ponto quando pensamos em terapias para a rinite é a possibilidade de retirar por completo, ou ao menos parcialmente, o contato da pessoa com o alérgeno causador da doença, que é o que chamamos de controle de ambiente. Exemplo, no caso de alergia a ácaros confirmada, uma limpeza no ambiente do alérgico é essencial, principalmente no seu dormitório, com limpeza de móveis, paredes e diminuição da umidade do ambiente para evitar a infestação destes seres.
No tratamento da crise alérgica aguda são indicados os medicamentos chamados de resgate, como os anti-histamínicos de segunda geração (com menos efeitos colaterais de sedação e sonolência, exemplo.: desloratadina e a fexofenadina) que agem diminuindo a liberação de histamina no corpo, que é a principal substância responsável pelos sintomas desagradáveis. Medicamentos descongestionantes por via oral também são úteis, pois promovem a contração dos vasos sanguíneos das narinas melhorando a sensação de entupimento nasal. As gotas nasais, como vimos, devem ter atenção ao uso prolongado e indiscriminado.
No caso de sintomas constantes e visando um tratamento mais duradouro, são indicados medicamentos corticoides tópicos sob a forma de spray nasal. A Imunoterapia antialergia (ou vacinas para alergia) é indicada para casos não controlados de rinite alérgica, possuindo ótima eficácia terapêutica e podendo controlar a alergia a longo prazo. Tais vacinas podem ser custosas e o tratamento demorado, mas é a única forma de tratamento que levar à cura da rinite.



