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doenças alérgicas
Asma e Bronquite

asma e bonquite

Uma das perguntas mais comuns feitas ao médico é: — Doutor, afinal, tenho bronquite ou asma?

Na verdade, asma, bronquite alérgica, bronquite asmática ou simplesmente bronquite são nomes diferentes para a mesma doença, sendo comum as pessoas com asma se apresentarem como tendo bronquite, porque o nome “assusta” menos e não possui o estigma da asma.

A asma é uma doença caracterizada por uma inflamação persistente dos brônquios, que são estruturas que levam o ar para os pulmões. A inflamação estreita esses brônquios, os músculos em volta se contraem e há aumento da produção de secreções (muco ou catarro) que podem entupir essas vias. A consequência disto tudo é uma diminuição da passagem do ar para dentro e para fora dos pulmões, causando os sintomas indesejáveis da doença.

Esta doença é o mais importante dos problemas alérgicos, se considerada a frequência e a gravidade destes sintomas. Os asmáticos são 8 a 10% da população e necessitam conhecer bem a sua condição para, alertados, saberem encontrar o melhor tratamento que lhes deem alívio e recuperação. A asma, quando não controlada, pode gerar muito sofrimento, custos pessoais, financeiros e idas constantes aos hospitais, inclusive com internações.

Por volta de 70 a 80% dos asmáticos também apresentam crises de rinite alérgica, que é quando a inflamação ocorre na região do nariz (na mucosa nasal), e isso piora ainda mais a qualidade de vida da pessoa.  Isto é facilmente explicável, já que o nariz e o pulmão são estreitamente ligados. Além disso, as crises nasais da rinite tendem a agravar a asma e a dificultar o seu tratamento.

sintomas:

Sensação de “falta de ar” (dispneia), “chiado no peito” (sibilos) e tosse são os principais sintomas de asma. O asmático tem, portanto, dificuldade em respirar, com cansaço, chiado, sensação de aperto no peito e tosse, às vezes seca e outras vezes com catarro.

 

A intensidade dos sintomas é muito variável, indo desde a leve sensação de cansaço até a sufocação grave. Esses sintomas podem aparecer com longos intervalos, ou até chegarem a um ponto em que se apresentem contínuos. As crises podem ser divididas em três tipos principais, fraca (leve), média (moderada) e forte (grave).

A crise de asma muita intensa, de longa duração, em que a pessoa além da falta de ar sente uma verdadeira “fadiga respiratória” e não responde mais aos medicamentos habituais, configura o estado de mal asmático. Característico desse caso é o escurecimento das mucosas, deixando-as roxas (cianose), principalmente a dos lábios, devido à diminuição da oxigenação do sangue. Nesses casos, é importante um tratamento em UTI para evitar a possibilidade de morte pela asma.

 

Pode haver, também, a ocorrência de infecção secundária por germes ou micróbios, o que leva a um aumento e manutenção dos sintomas, surgindo escarro amarelado ou esverdeado.

 

Em muitos casos, nos intervalos das crises, os sintomas são de tão pouca intensidade que passam despercebidos. São sintomas que só se tornam aparentes na presença de fatores desencadeantes, como mudanças de temperatura, esforços físicos, emoções e outros. Nesses intervalos, aparentemente livres de sintomas, esforços simples como risadas terminam em tosse e respiração ofegante, denunciando quadros asmáticos latentes.

Nos períodos de “calmaria dos sintomas”, somente um exame médico mostrará chiado e/ou alterações na respiração. São nesses períodos que muitos asmáticos acabam suspendendo o tratamento que vinham fazendo, o que, provavelmente, levará a novas crises e agravamento dos seus sintomas. Portanto, o tratamento tem que ser mantido mesmo quando não há crises.

causas:

A asma tem um fator genético envolvido, tanto que a doença pode aparecer em diversos indivíduos da mesma família, o que chamamos em predisposição genética. Ademais, a pessoa predisposta precisa do contato com alérgenos no ambiente para que a doença se desenvolva e os sintomas apareçam. 

 

Estudos científicos demonstram que os alérgenos inalantes (principalmente os ácaros da poeira domiciliar) participam como agentes desencadeantes dos sintomas em cerca de 80% dos casos de asma. A alergia aos ácaros é, portanto, a principal causa de asma.

 

Por outro lado, a possibilidade de alimentos ingeridos provocarem reações nas vias aéreas é questionada por muitos médicos e supervalorizada por outros. A realidade mostra que os alimentos provocam pouca asma e, quando isto acontece, em geral são as crianças as mais suscetíveis. Dentre todos os alimentos, o leite de vaca tem-se mostrado o mais frequente na produção de quadros respiratórios.

 

Há também alguns fatores que pioram a asma ou até mesmo desencadeiam as crises, alguns sendo próprios da pessoa, como estresse, mudanças hormonais e realização de exercícios físicos, e outros presentes no ambiente, como alguns irritantes (exemplo.: poluentes, fumaça de cigarro, perfumes etc.), as infecções virais e o contato com temperaturas climáticas mais baixas.

 

De fato, quase sempre, os sintomas de rinite, bronquite e asma surgem ou pioram no inverno. Muitas vezes é referida como alergia ao frio, à umidade, ou à mudança de tempo. As variações climáticas influenciam os quadros alérgicos respiratórios por cinco razões principais:​

  • Ação direta e irritante do frio e umidade sobre a mucosa respiratória.

  • Ação sobre o sistema nervoso (neurovegetativo) de regulação da temperatura do corpo, variando o nível de reatividade do organismo, favorecendo a hipersensibilidade e, consequentemente a crise de asma.

  • Favorecimento às infecções virais (como resfriado e gripes), importantes “gatilhos” para as crises.

  • Aumento da quantidade de mofo ou fungos e da população de ácaros, tornando a poeira muito mais alergizante.

  • Modificação das condições de vida, principalmente das crianças, prejudicando a prática de esportes e brincadeiras ao ar livre, mantendo-as em casa, agasalhadas, em contato íntimo com a poeira domiciliar.

tratamento:

Para aliviar os sintomas da asma alérgica de forma rápida, são dois os principais medicamentos usados: primeiro os corticoides sistêmicos (ex.: por comprimidos ou os injetáveis) que vão agir de forma intensa e momentânea na inflamação, levando também à diminuição de muco/ catarro e a abertura dos brônquios, melhorando a passagem do ar; em segundo, os broncodilatadores, que agem relaxando os músculos do trato respiratório e, também, permitindo uma melhora da entrada e saída do ar. Ambos os medicamentos agem apenas na crise alérgica, sem mudar o curso da doença e são chamados de medicação de resgate.

 

Para evitar o aparecimento de novas crises é necessário controlar de forma persistente a inflamação nos brônquios, através de um plano de tratamento que deve ser individual, ou seja, único para cada pessoa. Normalmente, o tratamento é contínuo, mesmo quando o paciente estiver sem crises, pois a inflamação pode estar presente mesmo nesses períodos sem os sintomas. Abaixo são apresentados exemplos de terapias que podem ser utilizadas:

  • Medicamentos inalatórios através de inaladores em spray ou “bombinhas”: Principalmente os corticoides, mas podendo haver mais de um medicamento, como, por exemplo, a adição de broncodilatadores de ação prolongada. Possuem doses pequenas dos medicamentos e, por isso, podem ser utilizados diariamente por longo período, de acordo com a recomendação médica. Ao ser inalado, o medicamento atua de forma direta sobre a inflamação dos brônquios, visando o controle duradouro dos sintomas.

  • Medicamentos imunobiológicos: normalmente indicados para asmas graves. São medicamentes desenvolvidos recentemente e possuem um custo de aquisição elevado. Eles agem de forma potente e específica na inflamação alérgica. 

  • Imunoterapia antialergia: única terapia capaz de mudar o curso da asma, podendo em alguns casos levar a “cura” dela. É um tratamento individualizado e demorado, realizado através de um esquema de vacinação periódica com os alérgenos específicos do paciente. O objetivo também é diminuir a inflamação nos brônquios, porém de forma definitiva, através da chamada “dessenssibilização” e “desvio imunológico”.

  • Combate aos fatores ambientais: é uma série de medidas para evitar o contato do paciente com o alérgeno capaz de provocar as suas crises de asma ou mesmo o contato com fatores que desencadeiam essa crise, como poluição e fumaça de cigarros. Exemplos incluem o controle e limpeza do ambiente domiciliar no caso de alergia para ácaros da poeira, o uso de purificadores de ar em ambientes muito poluídos ou mesmo estar com a vacinação para a gripe e para COVID em dia, já que infecções virais podem ser gatilhos para a asma.

Por fim, é essencial que a pessoa asmática se informe sobre sua doença e entenda os sintomas possíveis e a gravidade deles para que saiba quando utilizar o medicamento de resgate ou quando procurar o serviço médico de emergência. A pessoa também deve estar ciente da forma correta de utilização dos inaladores em spray (bombinhas) com ou sem o uso dos espaçadores. Este último é um tubo que controla a qualidade da aplicação do medicamento inalado, impedindo o seu desperdício e é recomendado, principalmente, para as pessoas que não conseguem puxar de uma só vez o medicamento. Veja abaixo o passo a passo correto de utilização das bombinhas.

  • Agitar, vigorosamente, a bombinha e retirar a tampa, segurando-a com o bocal para baixo.

  • Soltar o ar dos pulmões de forma lenta.

  • Colocar o inalador dentro da boca ou perto dela (por volta de três centímetros).

  • Disparar o jato de medicamento e puxar o ar de forma lenta e profunda para que o medicamento seja corretamente inalado.

  • Terminada a inspiração, prender a respiração por até dez segundos.

  • Se for aplicar um segundo jato o ideal é esperar por volta de um minuto entre um jato e o outro.

  • Enxaguar a boca com água e realizar gargarejos, sem engolir.

  • Obs.: No caso de utilização de espaçador, conectá-lo ao inalador e, após disparar o jato de medicamento, manter o bocal do espaçador na boca por umas cinco respirações, sempre realizando uma pequena pausa no final de cada puxada de ar. No final, lavar o espaçador com água e detergente neutro.

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